segunda-feira, 21 de setembro de 2009

#4 O meu jardim

Todos os dias, à distância de umas passadas, encontro o meu jardim.
Circularmente preenchido por árvores e um verde apaziguante, nele encontro apressados homens de negócios, jovens mães tranquilas, cães agitados orientando os donos, estudantes que riem irresponsavelmente ou ainda solitários que, tal como eu, julgam que o jardim é só deles.
Nele encontro uma sensação de regresso, de conforto e de casa, num súbito silêncio em pleno centro da cidade.
Enquanto passo sem entrar, sei bem o que ele esconde e como a vida se descobre por entre bancos e pessoas, por entre as mais estranhas e enigmáticas árvores - a mais misteriosa cobre aliás parte do jardim como um véu surpreendente que envolve em sons e em ramos quem lá passa.
Enquanto passo sem entrar, sinto-me estrangeira na minha própria terra, porque sei que é ali que encontro mais do que sou.
Enquanto passo sem entrar, sei que é o princípio de mais um dia e que nada falha no meu alinhamento cósmico.
Enquanto passo sem entrar, sei que vou voltar e que ele ali me espera no alto da sua realeza para dar o melhor de si. E quando entro sei que cheguei ao destino e que as palavras são impronunciáveis.
E confesso que, quando por vezes fecho os olhos e peço a mim própria 'happy thoughts', é ele que surge, cumprindo sempre o papel não de príncipe encantado, mas de príncipe real.

1 comentário:

  1. O jardim onde o local é universal..."passo sem entrar" a passagem do teu jardim nas palavras é muito tua e esse passeio que fazes tambem é todos.
    Qual será a próxima passagem ?
    Bj garnde

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